Sobre a gravidez e a epilepsia (minha historia) ..

Faz bastante tempo que estou querendo falar sobre isso aqui no blog, mas a vergonha (!!) nunca deixou. O fato é que tenho epilepsia. Desde os 15 anos, quando tive a primeira crise convulsiva, fui diagnosticada com essa doença, que é muito ridicularizada por aí por falta de conhecimento, talvez seja por isso o alto número de anônimos epiléticos.

Essa doença geralmente é de origem genética, ou pessoas com algum histórico familiar, o que não é o meu caso, já que sou a única na família com a doença. Como em 90% dos casos, no meu exame não consta nenhuma alteração (graças a Deus) morfológica, nem tumor ou outra coisa, simplesmente tenho crises dependendo de alguns fatores externos e internos, como cansaço, falta de sono, ansiedade, estresse, e é sobre isso que quero falar hoje.

GRAVIDEZ E EPILEPSIA

Toda a gravidez deverá ser monitorada, já que o risco e as complicações de se ter uma crise durante a gravidez são grandes. Os cuidados devem iniciar inclusive no período pré-tentativas. Seguem algumas orientações:

ÁCIDO FÓLICO: Logo que toquei no assunto gravidez, minha neurologista deixou bem claro que deveria ser bem planejada e assistida por ela e um ginecologista que trabalhassem em equipe. O que acontece é que todos os medicamentos abaixam o nível de ácido fólico no paciente, o que numa gravidez é muito importante, você pode saber mais sobre esse assunto no blog da Luiza. O indicado é que uma mulher saudável comece o uso com uns 3 meses antes de começarem as tentativas. Na maioria das literaturas à respeito o indicado para mulheres com epilepsia é o mesmo, porem minha neuro indicou que eu comece com uns 5 meses, por precaução.

MEDICAÇÕES DE USO CONTÍNUO:

A maioria dos medicamentos utilizados para prevenção de crises convulsivas podem causar má formação no bebê. Entre as mais comuns estão espinha bífida, fenda palatina e labial, alem de alterações nos orgãos genitais. As piores medicações são Valproato (9,7%), seguido de Fenobarbital (6,5%) e Topiramato (4,8%). As drogas antiepilépticas que parecem mais seguras são a Carbamazepina (2,2%), seguida da Oxcarbazepina (2,4%)- que é a que eu utilizo - , Lamotrigina (3,2%) e Fenitoína (3,7%), com risco de malformações congênitas menores.

OS RISCOS DE UMA GRAVIDEZ:

Os maiores problemas que podem ocorrer durante a gestação, além da má formação para o bebê, são a incidência no aumento das crises, já que a maioria é ocasionada por falta de sono e ansiedade, muito comuns durante a gestação. Muitas mães param de tomar o medicamento nesse período com medo das possíveis doenças no bebê, mas não lembram que em caso de sofrerem uma crise neste período e muito comum abortarem, pois falta oxigenação para a mãe durante a crise e consequentemente para o bebê.

O PARTO E PÓS PARTO:

Segundo a minha médica se a minha gestação ocorrer saudável não terei problemas em ter parto normal, porém, conforme vários estudos, é comum as gestantes não dilatarem e/ou terem outras complicações na hora do parto, alem do esforço e estresse alto que as submetem a possíveis crises. Outros estudos apontam um grande número de mamães que têm crises um ou dois dias após o parto, devido à ansiedade e estresse.

A MINHA PRIMEIRA GESTAÇÃO:

Ano passado eu estava fazendo uso de outro medicamento, Topiramato. Quando conversei com a neuro que possivelmente neste ano (2012) eu tentaria engravidar, ela imediatamente trocou meu medicamento para Oxcarbazepina, que é a que eu utilizo hoje e a mais indicada para gestantes. Segundo ela, já acompanhou 3 gestantes com epilepsia que faziam uso deste medicamento e ocorreu tudo bem, e os bebês sem má-formação. Fizemos a transição em dezembro e janeiro deste ano, que foi quando tive minha ultima crise convulsiva, comum nessas situações de troca de medicamento. Em fevereiro, quando engravidei, era muito possível que ainda tivesse um número alto do medicamento anterior, e uma grande falta de ácido fólico, o que poderia ter ocasionado alguma deficiência no baby e causado o aborto.

CONCLUINDO:

É importante que a pré-gestante tenha um acompanhamento desde o começo com um bom neurologista, que possa orientar e fazer todas as alterações necessárias em seus medicamentos, o ideal é utilizar apenas um tipo, e a menor dosagem possível para evitar as crises. Alem de começar a tomar o ácido fólico com bastante antecedência. Tambem é importante que as suas crises já estejam controladas há um bom tempo.

NO MEU CASO, vou começar a tomar o ácido fólico em março/2013 para tentar o baby em agosto. Minhas crises estão há um bom tempo controladas, tomo o medicamento mais indicado para gestantes e na menor dosagem possível.

Sendo assim, saúde OK!

Fiz este post porque tive muita dificuldade em encontrar materiais disponíveis sobre este assunto. Muitas destas informações foram passadas para mim pela minha médica, e outras nesses estudos bem interessantes.

Beijos.